TECER A VIDA
Mauro C. Mello
Se formos bem cuidados antes e logo depois do nascimento,
Nosso começo terá base firme, como um tear no qual
Os fios verticais da urdidura estão colocados de forma correta.
O que marcará nossa individualidade será a composição da trama.
Ou seja, a forma como os fios horizontais
serão passados em ziguezague ao longo da urdidura.
Do mesmo modo que flui o vaivém da nossa vida.
Assim, pouco a pouco, aparecerão no tecido as mais variadas imagens,
Dependendo da criatividade do autor da obra.
É o que também nos acontece durante a existência, em virtude das opções feitas.
Para que o tecido ganhe realce, equilíbrio e beleza,
É fundamental o bom gosto na escolha das cores dos fios.
Se eles tiverem apenas tonalidades pastéis e acinzentadas,
O resultado será um tecido muito discreto e de pouca expressão.
Como fazemos com a vida, quando a tornamos tímida e solitária.
Sem exageros, é preciso incluir na trama fio vermelho,
Que faz lembrar o coração saudável que pulsa forte.
Caso contrário, o predomínio dessa cor quebrará o equilíbrio.
Como acontece quando nos perdemos no turbilhão das paixões.
A colocação do fio azul celeste indicará a imensidão do cosmo,
Como a infinidade de caminhos que a vida oferece.
O fio amarelo trará a luz do sol e nos fará lembrar
O ouro que às vezes fica oculto em nosso interior.
A introdução do castanho simbolizará a terra,
Onde sempre é preciso manter os pés firmes.
Poderemos usar fio preto, mas com moderação, para evitar
que o escuro excessivo do tecido comprometa o conjunto. Como ocorre
Com pessoas que caem na negritude do pessimismo e da depressão.
Vale a pena incluir fio verde como a vegetação exuberante preservada,
pois essa cor representa esperança por tudo de bom que pode ser vivido.
Com isso, o tecido final terá variedade de cores essenciais
Para alcançar a beleza no mais amplo sentido. Como a nossa vida, que
Só tem valor quando é levada com repeito, solidariedade, compaixão e amor.
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FONTE: Mauro C. Mello ( 03/08/2009