Pesquisa Científica de Qigong na China Está Sendo Refinada e Expandida

06/10/2023 18:09

(Por Lao Cen)

Pequim- A pratica de Qigong (chikung) na China como meio de manutenção da saúde e tratamento terapêutico remonta à cerca de 400 AC.

Ao longo dos séculos, no entanto, esta arte foi envolta em mistério devido à influência da religião e foi mistificada em romances clássicos.

Sendo encarado como uma espécie de prática supersticiosa charlatanismo, recebia pouca atenção séria.

A pesquisa científica neste campo começou somente após a fundação da Nova China em 1949. No início   da década de 1960 pesquisadores médicos em Xangai fizeram um estudo preliminar dos aspectos fisiológicos do Qigong.

Testes em praticantes em um estado relaxado e tranquilo mostraram uma desaceleração dos batimentos cardíacos, uma diminuição da frequência respiratória e uma redução acentuada do consumo de oxigênio- em alguns casos caindo para 70% do nível normal, ou abaixo do nível normal, ou abaixo da quantidade   consumida   por   um homem adormecido. Todos estes foram considerados indícios de acúmulo de energia no corpo humano, fenômeno fisiológico peculiar que despertou interesse no meio científico.

Em novembro de 1977, cientistas do Instituto de Pesquisa do Núcleo Atômico da Academia de Ciências da China detectaram radiação infravermelha modulada de baixa frequência no waiqi (wai chi, fluxo de energia) liberado pelas mãos de Lin Housheng, um mestre de Qigong no Instituto de Medicina Tradicional Chinesa.

Um ano depois, uma descoberta semelhante foi feita com o praticante de Qigong Zhao Guang pelo Instituto de Pesquisa de Medicina Tradicional Chinesa de Pequim.

No momento da emissão de energia, foi registrado um aumento de 20% na microcirculação na ponta dos dedos de Zhao. Inspirados por estas conquistas iniciais, experimentos adicionais foram realizados em praticantes de Qigong em várias partes do país, com resultados atestando a existência de waiqi com uma forma de matéria.

Verificou-se que o waiqi liberado por esses praticantes tinha diferentes propriedades físicas, dependendo dos métodos de treinamento que seguiam. Além da radiação infravermelha, substâncias como eletricidade estática, correntes de micropartículas, fluxos termodinâmicos e correntes magnéticas de baixa frequência foram detectados.

O fato de alguns praticantes serem capazes de tratar doenças com seu waiqi dirigidos mentalmente pelo Qigong levou os cientistas a realizar pesquisas sobre o papel desempenhado pelo waiqi no combate às doenças.

Os resultados dos experimentos mostraram que o waiqi liberado por praticantes de Qigong pode destruir certas bactérias produtora de doenças (como colibacillus, bacillus dysenteriae, staphilococcus albus e staphylococcus aureus).

Também poderia contribuir para o aumento de cAMP (nota da tradutora: AMP cíclico-adenosina mono fosfato cíclico) no plasma, que tem um papel importante na regulação do metabolismo, e ajudar a promover a síntese de DNA em linfócitos, melhorando assim a função imunológica.

Embora os experimentos tenham sido realizados in vitro (isto é, isolados do organismo vivo), seus resultados nos convenceram dos efeitos diretos do waiqi na vida do organismo.

Mudanças fisiológicas também foram observadas em praticantes de Qigong durante o exercício. Entre outras coisas, a biliação (secreção de bile) era muito mais ativada durante o treino.

A redução da pressão arterial foi observada em praticantes que sofriam de hipertensão. A elevação da superfície do corpo para as temperaturas foi detectada em certos pontos de acupuntura nos quais as mentes dos praticantes de Qigong estavam concentradas.

Diz-se que o cérebro e o sistema nervoso estão no comando de todo o corpo. As mudanças fisiológicas efetuadas pelo exercício de Qigong no cérebro são, portanto, de particular interesse para os pesquisadores científicos. Experimentos usando instrumentos modernos foram realizados no Instituto de Pesquisa de Engenharia Médica Aeroespacial da China para estudar as mudanças nas ondas cerebrais durante o exercício, com resultados encorajadores.

As frequências do ritmo alfa registradas nas regiões frontal e occipital enquanto uma pessoa fazia exercícios de Qigong eram mais lentas do que quando ela estava em repouso.

Em muitos casos, a taxa pode cair para 7,5 Hz em relação ao valor normal de 10 ou mais.

Tais descobertas, especialmente na região frontal do cérebro, que marca o alto grau de evolução do homem, mas que por muito tempo permaneceu inexplorada, são de grande importância para a pesquisa de Qigong.

Na medicina tradicional chinesa, os padrões de pulsação sentidos em diferentes partes do pulso estão ligados às condições dos vários órgãos internos.

No Instituto de Pesquisa de Medicina Tradicional Chinesa em Xangai, testes foram feitos em praticantes de Qigong para ver como seus pulsos são afetados por seus esforços em direcionar seu Qi (Chi) para diferentes partes do corpo- a garganta, tórax, abdome superior, abdome inferior e assim por diante.

Os resultados dos testes não apenas atestaram a ligação entre os pulsos e os órgãos internos, como visto na medicina chinesa, mas também forneceram novas pistas para o estudo da relação entre o Qigong e a medicina tradicional.

As mudanças fisiológicas reveladas nos experimentos acima mencionados forneceram uma base científica para o uso do Qigong para a manutenção da saúde e propósitos curativos.

Significativamente, essas mudanças foram verificadas por pesquisadores científicos que se comprometeram a experimentar em seus próprios corpos através da prática persistente de Qigong.

O progresso na pesquisa de Qigong também promoveu o desenvolvimento da ciência da engenharia biônica. Durante um experimento para determinar as propriedades físicas do waiqi, pediu-se a um terapeuta de Qigong que tratasse um homem paralisado nos membros inferiores.

Quando ele emitiu waiqi de sua mão, que foi colocada cerca de trinta centímetros acima do abdome inferior do paciente, os quadris e os pés do paralítico começaram a tremer, embora ele estivesse coberto com uma colcha de algodão.

Obviamente a energia waiqi sozinha não seria forte o suficiente para produzir tal efeito. O que, então, explica o fenômeno milagroso?

Análises posteriores do waiqi emitido por terapeutas de Qigong revelaram que ele não apenas continha energia de certas formas, mas carregava sinais únicos que variavam com as características fisiológicas e atividades mentais dos terapeutas de Qigong.

Quando certos pontos de acupuntura eram estimulados por esses sinais, as funções de diferentes sistemas do corpo seriam reguladas, induzindo assim certos efeitos fisiológicos e bioquímicos no paciente.

Com base nestas descobertas, algumas unidades de pesquisa em cooperação com hospitais produziram instrumentos biônicos para uso terapêutico com resultados satisfatórios.

O desenvolvimento destes instrumentos que são modelados a partir de organismos vivos deram origem a uma nova ideia de tratar doenças com “mensagens de vida.”.

Embora o significado completo dessas mensagens ainda não tenha sido explorado por físicos, fisiologistas e psicólogos sua descoberta certamente forneceu pistas promissoras para a abertura de um novo campo da ciência da vida.

Neste novo campo, as funções fisiológicas latentes e as energias potenciais do corpo humano, até então desconhecidas do homem, serão trazidas à luz e se fazer bom uso delas.

Apesar das conquistas já obtidas na pesquisa de Qigong há muitas coisas que precisam ser explicadas cientificamente. Alguns experimentos estão longe de serem perfeitos e muitos outros testes são necessários para trazerem resultados conclusivos.

No entanto, podemos dizer que nossos pesquisadores científicos fizeram um bom começo neste campo, que promete um futuro realmente abundante.

 

T’ai Chi - The Leading International Magazine Of T’ai Chi Ch’uan - Vol.15, nº 3 June 1991.

Tradução: Teresa Adada Sell- 2023.