Auto Estima e as Idades da Vida
A princípio o tema Auto-estima parece muito vago. Sob este nome encontram-se muitas coisas sejam em revistas com testes banais, livros de psicologia, livros de auto-ajuda, etc. Sendo convidada a falar sobre este tema para pessoas cuja jornada de vida poderia servir de ajuda a muitas outras, fiquei refletindo e resolvi expor algumas questões para pensarmos juntos, fechando este Encontro com algumas coisas sobre nosso desenvolvimento interior. Começaremos com algumas considerações para vermos que a História e Culturas diferentes apresentam reflexões que podem ser interessantes a todos nós Philippe Ariès em sua obra História Social da Criança e da Família, afirma que “cada época corresponderiam a uma idade privilegiada e uma periodização particular da vida humana: a ‘Juventude’ é a idade privilegiada do Séc. XVII, a ‘ Infância’ do Séc. XIX e a ‘Adolescência’ do Séc. XX” (pg.48). Cada época deu destaque aos conhecimentos que viriam determinar atitudes e comportamentos, especialmente com relação à educação. Quando a criança não era percebida como criança (parece-nos estranho hoje pensar que já foi assim há poucos séculos atrás), ela era vestida como adulto em miniatura, não lhe era devotado grande amor porque, muitas crianças morriam muito antes de completarem a 1ª infância. A falta de conhecimentos sobre higiene, alimentação - imaginem a falta de mamadeira quando não havia possibilidade de se ter uma ama de leite e a mãe não podia amamentar - o fato de dormirem na cama com adultos, etc, levavam à morte grande número de crianças.Tratadas como pequenos objetos para distração, as crianças passaram a fazer parte da vida como seres importantes e com características especiais, quando os conhecimentos sobre saúde trouxeram maior desenvolvimento . O afeto pode passar a existir com relação às crianças, e sua educação passou a ser considerada importante também. Com relação ao adolescente, o Século seguinte trouxe a preocupação com as características especiais de uma fase que deixa a infância para trás e ainda não tem responsabilidades com a vida adulta. Uma idade de incertezas e dúvidas. É claro que sempre se está falando de regiões, de algumas culturas, specialmente a européia. Em muitas culturas tidas como primitivas, a transição da infância para adolescência não apresenta a fragmentação que conhecemos entre nossos adolescentes. Antropólogos como Ruth Benedict mostram culturas em que cada idade tem atribuições que aliviam a carga dos adultos de forma simples. As crianças menores são cuidadas pelas maiores, os mais jovens são cuidados pelos mais velhos, e todos podem arcar com responsabilidades. Esta é também uma realidade atual em classes sociais menos favorecidas. Contudo, em nossa sociedade as angústias específicas da puberdade, que acompanham a transformação radical do corpo, e as emoções envolvidas, tornaram o adolescente figura central no último século e especialmente no cuidado com seus problemas e adequação de sua educação. Muitos novos problemas foram surgindo e a juventude que era valorizada no Séc. XVII, não corresponde às dificuldades do Séc XX quando se fala de adolescência. Agora temos acrescido os problemas com drogas, violência, gravidez precoce, etc... E o mundo adulto assim começa com muitos problemas. Eles estão relacionados tanto questões pessoais; o corpo, a mente, quanto às relações inter- pessoais, começando com o namoro, à profissão que deve escolher, a questão da subsistência, etc. E a inserção na sociedade tanto pode prover as necessidades dos jovens, como dificultá-las, tornando a vida pessoal e social quase uma batalha, pelo menos um embate em vários sentidos. Chegamos agora no Séc XXI. Neste Século, a idade que muito chama a atenção dos estudiosos é a idade madura, o que se tem chamado com muitos eufemismos: “3ª idade”, “melhor idade”, etc... É uma idade ampliada em anos de vida graças aos avanços da ciência, aos conhecimentos sobre saúde. Uma época com filhos criados, com a presença de netos, aposentadoria por tempo de serviço ou por idade. Seríamos idosos em outras eras, mas nossa época baniu a velhice. Não faz muito tempo que aos 50 anos ou até menos, se era considerado velho. Philippe Ariès conta uma historinha de uma jovem que fora prometida a um ancião de 50 anos que não tinha um dente sequer. Considerar um velho como sábio também foi uma elaboração histórica, antes ele era considerado ridículo. O que desejo chamar a atenção é que nós nos acostumamos às coisas como estão, e nos parece que sempre foram assim. Como se sempre houvesse tido casamento monogâmico, a noiva sempre se vestira de branco, a família sempre fora constituída assim. No entanto, mesmo durante nosso tempo de vida em torno de 50, 60 anos já temos vivido assombrosas diferenças, que mudaram as características de muitas coisas com as quais estávamos acostumados. A maioria de nós veio famílias constituídas por pai, mãe irmãos e os parentes naturais: tios, avós, primos. Hoje, já temos filhos que não são irmãos integrais entre si. O pai de um filho não é necessariamente o pai do outro filho. O pai de um deles também tem filhos com outra mulher que pode ter filhos de outro pai, e assim sucessivamente. Isso gera um círculo de relacionamentos completamente diferente de anos atrás, e como sabemos nem tão distantes. E a dissolução de laços familiares torna as festas caracteristicamente familiares com componentes diferentes a cada ano. (Lembro de várias amigas que receberam para a ceia de natal, a filha e seu marido e os filhos do marido da filha num ano, dois anos depois, as crianças que compareceram já não eram as mesmas porque a filha havia mudado de marido). Essas crianças, ou já adolescentes mudaram de casa na ceia de natal devido a um novo relacionamento dos pais. Isso é um pequeno exemplo de mudança que está ocorrendo nas relações envolvendo pais, filhos e os demais parentes. Sem nos estendermos muito nas novidades inúmeras nestes nossos anos de vida, sem falarmos das máquinas domésticas entre as quais o desejo primeiro que uma mulher tem nas possibilidades financeira é a máquina de lavar roupa... Vejamos o campo da ciência tecnológica. Não poderíamos esquecer que vários entre eu não conheci televisão em sua infância. Que ela evoluiu de tantas formas, que posso até deixar de colocar as últimas por falta de conhecimento tecnológico. Hoje nossos filhos, não conseguiriam imaginar a vida sem computadores. Telefones, nem falar, ou seja, não podíamos falar por telefone já que era coisa rara. As cartas foram substituídas por e-mails. (Lembro quando minha irmã que “sabia” lidar com internet-um sucesso entre nós-por conta de seu trabalho- contou que recebera flores de um amigo, via internet. Fiquei impressionada como alguém por e-mail pudera enviar flores. Pensei e indaguei se ele encomendara de uma floricultura na cidade através da internet, e ela achou tão estranha a minha pergunta, respondendo- “não, eu recebi flores virtuais.” Não faz muitos anos desde então.) Hoje é a forma comum com que se comunica, se cumprimenta, com que se festeja, com que se convida, com que se discute ou se brinda. Há ainda os mensageiros, os bate-papos via computador que liberam a pessoa da espera. Tudo é em tempo real! A comunicação à distância sendo em tempo real torna obsoletas as correspondências antigas, e também torna as pessoas mais distantes entre si. Estranhamente, mas compreensivelmente, o e-mail suplanta a necessidade de contato físico. E se não são os computadores a dominarem as relações, os celulares interrompem qualquer coisa seja séria ou não, exigindo nossa atenção. Temos coisas novas, novíssimas que se tornaram ”indispensáveis”, e não nos damos conta que já vivemos sem elas. E, no entanto, se tornaram necessidades consumíveis porque ainda sofrem atualizações constantes. A pessoa hoje que não tem celular e computador é considerada anacrônica, velha. E isso é quase um insulto. Quase ninguém mais usa os famosos discos de vinil os Long Plays. Só colecionadores, porque temos os CDs. Em pouquíssimos anos os filmes em VHS para vídeos foram substituídos por DVDs. Máquinas fotográficas, nossa! A diferença entre o se preparar para uma foto em família ou ir a um fotógrafo especial, e a rapidez do click digital parecem que decorreram vidas, e tudo está dentro de uma ou duas gerações. Bem, esta é a realidade de nossa idade madura: a velhice tem sido banida principalmente com relação às características do corpo, como nunca se viu antes. Nada temos em comum com o ancião do passado. As novelas estão aí para mostrar o fim da velhice. Especialmente no que concerne às mulheres: cabelos brancos? Cadê? (recentemente um político entre mulheres, querendo falar da velhice e seus celebrados cabelos brancos, olhou ao redor para citar alguém, não encontrou nenhuma mulher de cabelos brancos, todas estavam coloridas!) A busca por um corpo bonito e esbelto faz o sucesso nas academias, nas dietas e cirurgias plásticas. As “turbinações” estão tão em moda, que tornam banal a exposição dos seios na TV. As lipoaspirações idem, e muitas outras descobertas no campo do rejuvenescimento. A alimentação passa por tantas mudanças de conceitos que tudo pode ser: café faz mal num momento, logo se divulga que café pode fazer bem para a celulite, assim como o vilão chocolate faz bem para depressão, ora os laticínios geram calcificações ora são imprescindíveis para evitar osteoporose, etc, etc. As atividades da “3ª idade” levam muitíssimas pessoas maduras a desenvolverem artes, seja pintura, poesia literatura, ou dança, viagens, etc. O que pareceria difícil fazer, agora se torna possível e agradável. Nada quase parece impossível devido à idade. Na verdade, a vida é um continuum. Nós mudamos, mas continuamos a nos reconhecer. As coisas mudaram e nós queiramos ou não vamos conviver com as mudanças. (É claro que muitas vezes ajudados pelos filhos quando precisamos abrir algum tipo de mensagem, ou construir algo no computador). Estamos numa fase em que os filhos ensinam os pais. Ou até, os netos ensinam os avós. No entanto, continuamos vivos participando das mudanças e tentando seguí-las por bem ou por mal. À ciência damos graças por nos proporcionar cirurgias laparoscópicas por ex. (Estamos aprendendo muitas palavras novas). Ou detectarmos males ainda em seus princípios com exames sofisticados. Se tivermos é claro um bom plano de saúde. As coisas existem sim, mas nem sempre estão ao alcance de todos, e sabemos bem quem pode e quem não pode usufruir os benefícios modernos, mas, ainda que não possamos viajar de avião, a carroça já foi há muito aposentada. Ampliado ou não, nosso tempo é entre o Nascimento e a Morte, um espaço que nos leva a pensar sobre nós mesmos. Então, reflitamos sobre Auto-Estima! Estamos numa idade em que esta questão parece estar deslocada. Será? A posição que desejo expressar e na qual eu creio, é que não se põe mais a questão das idades como subir uma escada e depois de certa idade descer por ela do outro lado. Nós somos um continuum, mas infelizmente tratamos de algumas idades como desenvolvimento e outras como decadência. Um triste equívoco! Se tivermos esta concepção a respeito de nossa vida, não adianta buscarmos os melhores cremes e cirurgias plásticas, pois estes artifícios não vão nos deixar mais jovens como desejaríamos. Nós, por uma questão natural, envelhecemos e morremos. Todos Nós! Mas, enquanto vivos continuamos a nos desenvolver. Sempre! E a questão da auto-estima se impõe seja na infância, seja da adolescência, na juventude, na idade madura, na velhice. Em cada momento diferente de nossa vida, temos desafios específicos. A todo o momento somos levados a nos questionar e a nos analisar. Diferem as concepções entre Oriente e Ocidente no que tange à Auto-Estima. Para o ocidental, a auto-estima é uma boa qualidade se nos conduz a bons relacionamentos seja consigo mesmo seja no ambiente social. No oriente a importância é dada ao aperfeiçoamento interior. Para nós ocidentais, seria a auto-estima a capacidade de se amar? Colocar-se à frente dos demais? Ou saber se fazer respeitar quando , por exemplo, vemos o enaltecimento da juventude e nós não somos mais jovens? Sim, porque ainda que esta época esteja tendo que lidar com o grande número de pessoas de idade madura, a juventude continua sendo o ideal propagado. As características da juventude são perseguidas incessantemente na busca de ocultar as naturais características: as do envelhecimento. E seus medos. Falando em corpo, um conhecimento se impõe de que, nosso corpo registra as emoções que passam por ele. Regina Fabre (filósofa e terapeuta), falando sobre Anatomia Emocional numa entrevista na TV, diz que “tudo que se sente é estruturado fisicamente”.Na verdade ocorre que mente e corpo são uma Só unidade. No livro - Emoções Destrutivas, (num seminário organizado pelo Dalai Lama) cita-se que - “quando as emoções destrutivas entram sorrateiramente na mente transformam-se em humores e, por fim em traços de temperamento. Por conseguinte, é preciso trabalhar com as próprias emoções” (pg.96). Porque, é comum vermos pessoas com idade avançada sofrendo com emoções que as tornam infelizes, ainda que tendo alcançado muitos de seus objetivos juvenis; e isso as deixa mais suscetíveis à doenças. Como me referi à vida como um Continuum, nós não podemos deixar de cuidar de nossas emoções só pelo fato de termos bastante idade. Por outro lado, nossa vida é eterna mutação. As emoções destrutivas fazem mal tanto aos outros como a nós mesmo por senti-las. E quais são as emoções destrutivas? Todos nós as conhecemos; baixa auto-estima, raiva, ódio, medo, ciúme, inveja falta de compaixão, orgulho, etc. Nós criamos emoções negativas partindo de baixa auto estima e ela está relacionada a outras tantas emoções que são realimentadas. Na perspectiva budista, duas condições internas produzem uma série imensa de emoções: o apego e a aversão. Nosso apego desconhece que estamos sempre mudando e conosco todas as coisas. O “Eu” tenta se proteger como se as coisas, e as pessoas lhe pertencessem. O apego faz com que pensemos que as coisas são imutáveis. E nos desesperamos quando temos mudanças na vida que não conseguimos controlar. Desde o afeto que consideramos devido a nós e que de repente parece que não nos pertence ou que alguém nos sobrepujou, no amor dos filhos por ex., Desenvolvemos outras tantas emoções como o orgulho, quando nos sentimos superior aos outros por ter conseguido coisas, e outras tantas formas de orgulho como o não saber reconhecer o valor dos outros. O orgulho ainda está relacionado quando não queremos parecer frágeis necessitando dos outros. Entre tantas aversões, a inveja é outra emoção destrutiva. Ninguém de fato tem inveja dos males dos outros. Mas a falta de compaixão nos leva a desejar o mal ao próximo ou pelo menos a desejar que ele não seja bem sucedido. O cultivo do ódio que permite prejudicar aos demais quando possível. Os medos que cultivamos desde a coisa físicas e muitas vezes desde a infância, nos leva a ver o mundo como perigoso. São conteúdos internos que projetamos nos outros os achando perigosos. E acabamos acreditando que precisamos nos proteger dos outros. Encontramos defeitos e coisas suspeitas nas pessoas. E são medos nossos! Diz a monja Chodron: “Quando nos preocupamos preocupados em nos proteger, não podemos ver a dor estampada na face do outro”. Temos baixa auto-estima quando projetamos para nós uma imagem que não conseguimos alcançar. E quando projetamos nos outros a culpa por nossos fracassos. Se eu tivesse casado melhor, (e não com o traste com quem casei), se meu filho fosse diferente, se minha nora fosse mais trabalhadora, se meus chefe não fosse tão duro, se meus colegas fossem mais companheiros, etc, etc. E não se aceitando a si mesmo: se eu fosse mais magra, se eu tivesse mais saúde, se eu tivesse 20 anos a menos, se eu fosse... uma série de defeitos com que nos vemos... Ao nos rejeitarmos, começamos a desenvolver emoções de confusão, de aflição, de medos, inseguranças e muitas outras para encobrir estas. Falamos de baixa auto-estima como uma emoção destrutiva. Porque ela nos leva a nos relacionarmos mal conosco e com os demais. Contrapondo à baixa Auto-Estima temos o sentimento de Compaixão. Em sua composição a palavra já nos diz: “com – paixão”, estar com alguém intensamente. Na língua tibetana, o significado é muito interessante: - “Compaixão é um afeto envolvido, sincero de querer aliviar o sofrimento do próximo- e isso tanto vale se a pessoa for ela mesma, outra pessoa ou animal.” Não existe o termo compaixão em tibetano que não seja ligado à própria pessoa. Os tibetanos não conseguem entender compaixão só ligado a outrem. Então, quando nos sentimos interligados uns aos outros porque temos todos o mesmo DESTINO, saberemos que podemos ter outro tipo e relação com as pessoas. E daí conosco mesmos. Esta compaixão envolve o saber que não conseguimos ser perfeitos o tempo todo como nos foi ensinado. A monja Chodron - diz que ouviu esta advertência quando era jovem: “Você pensa que pode atingir a perfeição? Pois bem, não pode!” (E ela avisa que continua tentando sem conseguir...) E isso tanto deve servir para nós como percepção de como somos, como estender esta compaixão aos que como nós, também não conseguem ser perfeitos como gostaríamos. Se isso é muito difícil com relação à nós mesmos imaginemos como algum cargo de poder pode piorar ainda mais. O mal estar que temos com relação a nós mesmos, projetamos nos outros que nos servem como espelhos. Precisamos desenvolver um coração compassivo! Ter compaixão por si mesmo, não é auto-piedade no sentido de sentir pena de si mesmo. Ao contrário, trata-se de desenvolver a coragem do guerreiro- Ter um coração guerreiro. E de novo outra cultura pode nos mostrar uma possibilidade mais ampla: Pawo - em pali quer dizer guerreiro e significa ter coragem. Mas, é a coragem de que? De ser quem se é; nada mais do que isso. Aceitar-se. Por isso é importante desenvolver: Maitri - que significa: Acarinhar-se. Ter carinho por nossas dificuldades, ter paciência conosco mesmos. “Quando nos maltratamos, ou não nos respeitamos, maltratamos ou deixamos de respeitar também o próximo, projetando no mundo o mau trato que nos reservamos. Quando nos acarinhamos estamos de posse da chave de ouro para nosso coração porque podemos valorizar quem nos rodeia mesmo quando são incomodativos. Maitri é ter coragem de ver nossos conteúdos e não ter medo deles. Honrar aqueles conteúdos que são dolorosos para nós. Ter clareza, honestidade e sobretudo carinho com nossos defeitos.” Porque “para nos libertarmos do passado, precisamos ter boa relação com a pessoa que somos hoje.” A jornada de auto-conhecimento está sempre começando. Estejamos na idade que tivermos é sempre uma beleza poder mostrarmos na face a transparência de nossa alma, já que nosso corpo reflete o que se passa em nosso interior. E o interessante desta filosofia é que não precisamos procurar nada. Tudo está dentro de nós. Basta desvendarmos o que temos de profundamente real em nós. Esta filosofia nos ensina que ao invés de pecado original temos arraigada em nós a Bondade Fundamental. Como uma barra de ouro coberta de barro pode ficar assim por cem anos mas quando a lama for retirada vai brilhar igual ao seu primeiro dia de criação, assim somos nós em nosso eu mais profundo. Saibamos como depurar nosso ouro. Como fazer brilhar nossa essência profundamente pura e límpida! Daí poderemos expandir esta clareza aos que estão ao nosso redor. Porque a luz não foi feita para ser escondida, ela brilha onde estiver. Sejamos luzes, façamos deste mundo um pouco melhor enquanto estivermos por este plano. Temos muito a ensinar e a aprender com os que nos rodeiam seja da idade que forem. Não precisamos nos limitar a encontros com os de nossa idade, façamos uma mistura de idades que nos enriquece e enriquece a todos. Desenvolvamos hábitos de cuidarmos da natureza e a natureza antes de tudo somos nós. Tenhamos carinho por este nosso corpo. Apreciemos a beleza das coisas. Mostremos estas conquistas aos jovens. Nós sabemos quão intensas podem ser nossas relações amorosas porque sabemos unir sexo e afeto, sexo com carinho (sem a pressa da juventude). Sabemos ser doces na cama e na mesa. Sermos gentis. Cultivar as coisas boas e mostrar esta capacidade. Não precisamos correr atrás de uma juventude que não nos faz falta, basta que saibamos aproveitar nosso corpo, ele tem muito, muito para a nos dar de prazer. Estamos vivos! Termino com trechos de poemas de Tich Nhat Hanh : “Tocando a terra, conecto-me a todas as pessoas e a todas as espécies que estão vivas neste momento, neste mundo comigo. Sou um com o maravilhoso padrão de vida que se irradia em todas as direções. Sinto a estreita conexão existente entre mim e os outros, sinto que compartilhamos felicidade e sofrimento. Tocando a terra abandono a idéia de que sou este corpo e de que meu tempo de vida é limitado. Compreendo que este corpo, construído de quatro elementos , de fato não me representa, e que não me limito a ele. Faço parte de uma corrente de vida de ancestrais espirituais e antepassados de sangue que, por milhares de anos vem fluindo no presente e assim continuará no futuro. Sou um só com meus ancestrais, com todos os povos e todas as espécies, sejam pacíficos, e destemidos, sejam sofredores, e amedrontados. |
Neste exato momento estou em toda a parte deste planeta. Estou também no passado e no futuro.” (pg.154 e 159) Referências Bibliográficas: ARIÈS- Philippe História Social da Criança e da Família. R.J. Zahar Ed.1978 CHODRON- Pema. Artigo: Maitri, 22/09/04 GOLEMAN, Daniel,DALAI LAMA- Como Lidar com Emoções Destrutivas. SP-Ed. Campus, 2003. HHAT HANH Tich-Ensinamentos sobre o Amor. R.J.Sextante,2005.
(em 05/10/2006- Laguna- IX Encontro de Pensionistas e Aposentados do Sindprevs/SC )
Teresa Adada Sell, Florianópolis, Primavera de 2006
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